10 março 2006

Labirinto

Labirinto

Suspiro. Suspiro longamente.
Aperto o peito com as duas mãos e imploro. Te.

Cadeira. Mesa de bar. Copo vazio.
O indicador percorrendo círculos imaginários em torno do copo.
As sombras emitindo sons estranhos. Como se as pudesse ouvir melhor que a mim própria...
Fumo de tabaco desenhando formas no vazio.
Tabaco.
Procuro sofregamente uma beata no chão. Não tenho isqueiro. Não quero pedir. Já não sei falar. A cabeça pende sobre a mesa e não tenho forças para a levantar.
Este amor que me arde no peito havia de a acender, penso.
Adormeço sobre a mesa.
Sonho com labirintos. Perdida em corredores de pedra e dúvidas de algodão.
E quando penso ter chegado ao final do labirinto, é a morte quem me sorri de braços abertos.
Olho para trás. Vejo-te ao fundo. Também sorris. Braços cruzados como quem diz: eu disse-te para seguires por aqui.
Corro para ti. Abraças-me. Dás-me a mão. Anda... vamos encontrar a saída juntos.

Acordo.
Não há mesa de café, não há sons, não há tabaco.
Estou deitada no teu peito e é a tua mão que aperto.

Afagas-me o cabelo. Beijas-me a testa.
Já passou...

Litostive

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