Estrangulada II
Estrangulada II
Por vezes os sacrifícios são sinal de força. Mas hoje... hoje eram de fraqueza.
Contra todo o teu esforço, contra toda a tua vontade. Contra mim e contra o mundo. Larguei a estaca.
E fi-lo com requintes de malvadez. Apenas aliviei a pressão do corpo sobre os pés. Apenas um pouco.
Agora olha para mim, meu amor.
Dependurada. Os olhos muito abertos por uma morte rápida.
Observo-te.
Choras.
Ajoelhado no chão, sem nunca largar a corda, os dedos desfeitos, as gengivas em sangue e os cantos da boca rasgados, como que esboçando um sorriso. E que sorriso doloroso.
Ergues as mãos para o alto e imploras que alguém tenha piedade de ti.
(E eu alguma vez iria deixar-te, meu amor?)
Tem calma... Eu já desço.
Não tenhas medo.
(Mas não consegues ouvir-me...)
Os olhos esbugalhados, o corpo gelado, o fiozinho de sangue a escorrer-me pelo queixo, a cabeça pendendo sobre o peito.
Estou morta. Já não sou capaz de descer.
Nem tu foste capaz de partir a corda.
Não encontro forma de te dizer que preferia que tivesses sido tu a parti-la.
Não encontro forma de te dizer que as ratazanas que me roiam os dedos dos pés me magoavam.
Tão-pouco forma de te dizer que o sorriso era falso e que nunca parei de chorar enquanto estive agarrada à vida (afinal nunca deixei de ser a tua menina do pranto... faltou-me o lenço de mel)
Forma de te dizer que te amo demais para viver pendurada no tecto.
Forma de te dizer... Forma de te dizer.
Agora peço-te que venhas buscar-me.
Como sempre, para sempre.
Porque "nós somos para sempre". Lembras-te?
Vem buscar-me e eu prometo que desço daqui e vou contigo.
Litostive
Por vezes os sacrifícios são sinal de força. Mas hoje... hoje eram de fraqueza.
Contra todo o teu esforço, contra toda a tua vontade. Contra mim e contra o mundo. Larguei a estaca.
E fi-lo com requintes de malvadez. Apenas aliviei a pressão do corpo sobre os pés. Apenas um pouco.
Agora olha para mim, meu amor.
Dependurada. Os olhos muito abertos por uma morte rápida.
Observo-te.
Choras.
Ajoelhado no chão, sem nunca largar a corda, os dedos desfeitos, as gengivas em sangue e os cantos da boca rasgados, como que esboçando um sorriso. E que sorriso doloroso.
Ergues as mãos para o alto e imploras que alguém tenha piedade de ti.
(E eu alguma vez iria deixar-te, meu amor?)
Tem calma... Eu já desço.
Não tenhas medo.
(Mas não consegues ouvir-me...)
Os olhos esbugalhados, o corpo gelado, o fiozinho de sangue a escorrer-me pelo queixo, a cabeça pendendo sobre o peito.
Estou morta. Já não sou capaz de descer.
Nem tu foste capaz de partir a corda.
Não encontro forma de te dizer que preferia que tivesses sido tu a parti-la.
Não encontro forma de te dizer que as ratazanas que me roiam os dedos dos pés me magoavam.
Tão-pouco forma de te dizer que o sorriso era falso e que nunca parei de chorar enquanto estive agarrada à vida (afinal nunca deixei de ser a tua menina do pranto... faltou-me o lenço de mel)
Forma de te dizer que te amo demais para viver pendurada no tecto.
Forma de te dizer... Forma de te dizer.
Agora peço-te que venhas buscar-me.
Como sempre, para sempre.
Porque "nós somos para sempre". Lembras-te?
Vem buscar-me e eu prometo que desço daqui e vou contigo.
Litostive
1 Comentários:
Correndo o risco de me repetir...
é deveras mágico o que escreves...
estendo-te a mão...
desce daí e vem...
para um
a
b
r
a
ç
o
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