Rua dos Fados
Rua dos Fados
Amar-te é ouvir o silêncio que nasce entre as nossas gargalhadas quando descemos aquela rua de mãos dadas. E oiço-o tão bem...
Sol de Inverno.
Peito que não sangra.
Lábios que não se mordem e tic-tac de ponteiros de relógios que andam nos pulsos de toda a gente.
Correria a meio do dia.
Uma hora de... de tudo. Uma hora de ti.
Flashback de cordas, pés pendurados, pedaços de ti pelo chão.
Pedaços de mim apertados nas tuas mãos (não vá eu fugir num acesso de lucidez roubada a um louco). A uma louca. De fotografia junto ao peito e faca na mão.
Mas já não dói. Não dói. Parou. Fiz força e não doeu. Mais força e não doeu.
E fizeste força e não doeu. Mais força. E mais.
(Sempre fizeste mais força que eu.)
E não dói.
Não dói mais. E de repente uma hora já me parece um dia. E uma hora é sempre bom, quando não há duas horas.
E no dia seguinte haverá mais uma hora. E duas e três.
E créditos não acumuláveis.
5000. 4999. 4998.
Se não acumulam o melhor é gastá-los todos hoje.
Porque amanhã há mais mas eu não sou de deixar nada para amanhã.
(Afinal a consumista sou eu.)
Pego nos meus créditos. Junto-os todos numa caixinha.
Vou tirando aos poucos. Como se fossem bombons.
Um dia também te ofereci uma caixinha de mim. Só para ti. Para ires tirando pedacinhos.
E agora... Tens mais tu de mim do que eu própria.
E como me orgulho!...
Litostive
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