01 maio 2006

Eras tu

Eras tu

Eram meninas vestidas de rosa e eram putas de peitos caídos.
E eram caminhos de terra batida e segredos ditos ao ouvido.
Era o autocarro da escola. Miúdos lambuzados da manteiga que lambiam do pão.
Versos escritos nas paredes. Daqueles que ninguém lia porque estavam escritos nas paredes. Melhor fim teriam tido numa página branca. "Virgem página batalhando conquista."
Eram "Ah, meu amor!" em cada gesto quando iam de mão dada a caminho de casa.
Eram pessoas. Infinitas mil. "Senhoras pequeninas". E senhoras das grandes, daquelas maiorzinhas. Eram meninos bonitos como ele. Não, não eram. Como ele não.
Era a Avenida no mesmo lugar de sempre. Como se o tempo não passasse por ela.
E era alguém que já não diz nada.
Eram noites mais longas que os dias.
Eram Invernos cheios de sol.
Eram chamas que lhe queimavam os lábios e eram bocas em sangue.
Eram beijos trocados em surdina.
E eras tu que me doías cá dentro, amor.
Eras tu.

Litostive

1 Comentários:

Blogger moon between golden stars disse...

"eram beijos trocados em surdina"...

simplesmente mágico...

sem palavras...

abraço

3:46 da tarde  

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