19 dezembro 2005

Frio sem vida

Sentir-me sozinho. Na rua que nunca acabou. Fechar os olhos e sentir sairem as lágrimas que julguei terem secado. Cair sem forças... de joelhos e partir os ossos fracos das minhas pernas. Perder os sentidos e desfigurar a cara ao bater no chão.

Sentir crescerem em mim ansias que me levarão para sempre. Consentir que façam de mim o que querem. Tocarem-me com os pés. Continuarem no caminho do individualismo. E eu... ali estendido... Meio morto... Meio vivo... Sem sentir mais nada senão a confusão instalada à minha volta. Sentir suavemente rasgar-se-me a pele. E crescerem em mim chagas de sangue morto.

Olho o céu e esfrego o rosto.
Cansado como nunca, enrosco-me em mim. As mãos tentam aninhar-se no meio das pernas flectidas. Tenho frio. Agora tenho muito frio. Fecho os olhos e penso em mim. Adormeço... no meio da multidão que repara em mim e por mim passa sem chorar...

Kimera

1 Comentários:

Blogger Miriam Luz disse...

Ler-te é saber-te. É conhecer-te e amar-te assim. Meio morto... meio vivo...
É dar-te a metade da vida que te falta. É ser a metade da morte que te consome.
Ser essa confusão instalada e ser a calma que te envolve.
Eternamente grata por esta partilha. Por esta parceria.

Choro por ti...

11:57 da tarde  

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