10 dezembro 2005

O silêncio

O silêncio que me sai do coração. Que se entranha livremente no ar que respiras. Que levas contigo para onde vais. Que levas e nunca regressa.
E ver-te ali. Triste figura de ti. Pendurada pelos pés. Cabelos encaracolados que não conseguem ocultar o rosto desfigurado da tua triste imagem.

E remexes-te. E sussuras para quem te guarda, sentado naquela cadeira.
Mas não é hoje que vais sair. Não é hoje...

Observo-te dia após dia. Sem nada fazer.
Ajuda-me ver-te sofrer assim.

Deambulo pela sala apodrecida pela humidade intensa.

Corto-me o peito. E gotas de sangue escorrem por mim. E cria-se, à frente do guarda, uma poça vermelha com origem desconhecida.

E sorrio. Por te ver assim... por me ver(es) assim.

Sorrio uma última vez. Degolo o senhor guarda.
Depressa vêm outros. Degolo os outros.
E acumulam-se os corpos e o sangue. Sento-me na cadeira... bastante confortável. Enrolo um charro. E aprecio o espectáculo mais lindo a que algum dia alguém poderá assistir.

3 Comentários:

Blogger moon between golden stars disse...

Por acaso nao te enganaste e nao estarás sentado na cadeira eléctrica?... bzzzzzzzz :P
Um abraço

9:43 da tarde  
Anonymous Anónimo disse...

Continuas com essa escrita brutal, com laivos góticos, de uma força mórbida mas terrivelmente palpável, sentida.

Já cá tinha vindo algumas vezes mas nca tinha conseguido comemtar...

Obrigada pelos comentários no meu espaço ***

11:01 da tarde  
Anonymous Anónimo disse...

Reparei que a litostive do Alvo Luto faz agora parte deste espaço. Os meus Parabéns, ela escreve muito bem. Fico à espera de ler algo dela... já tenho saudades *

11:04 da tarde  

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