29 abril 2006

O caos no fim da linha. A vida pára no seu fim...


O meu medo de sentir o que nunca se passou. De me degolar para me ouvires sussurrar bem baixinho o nome por quem mais aguardo e que não és tu.

E é quando toda a indiferença se mistura com mais um momento bem passado, depois de mais este charro entre nós, que me acolhem as vontades de me lançar para perto de ti.

Nos braços deste precipicio, para onde fuji sabendo que não sobreviverias, olho o fim do mundo mais frio que algum dia presenciei.

E antecipando a minha vida longe de ti, quebrei as amarras e parti... Direito ao abismo. Parti por um fundo escuro e húmido por onde niguém ousará partir.

Quem me achar, frio e inútil, lerá nos meus olhos que tudo foi só por ti, que não me conheceste mas eu nunca mais te esqueci.
Kimera

22 abril 2006

Partida

Partida

Ai que "estar" já não me basta nesta vida!
Quero ser e viver e esquecer e recomeçar!
Ah!, que me falta o tempo para mais amar
Que vou preparando minha campa florida!

Por ti morrer numa longa viagem só d' ida
Pois que não há quem peça para regressar
Quem me ame, quem eu possa mais amar
Triste vida esta, ai minha tão triste vida!

Ó meu amor!, és tu rei de manto dourado
Sou eu deitada sobre tão pobre mortalha!
Tão amargurada que foi minha condição!

Beija-me!, que trago o peito apaixonado!
E rezo em triste oração que Ele me valha!
Que Deus faça de mim morta neste chão!

Litostive

17 abril 2006

Nasce em mim mais uma vontade de viver...

Seco as lágrimas com a manga comprida da camisola da lã. Não se percebe em mim que chorei mais esta vez. Mas abro os olhos, na escuridão.
O cheiro torna-se agora mais intenso e a realidade bicolor. Tudo preto, com rasgos de sangue bem vermelhos.

O quarto chega para viver. A vida não me chega para começar a sonhar. E à medida que as vozes se tornam mais intensas e as frases mais perceptíveis, a mensagem passa por mim, trespassa-me como se fosse a primeira vez que ouvisses este som.

Os joelhos encolhidos há tempo em demasia resistem ao primeiro ensaio. Caio desamparado.
Mas hoje acordei com mais uma vontade de viver. Ergo-me recostado às paredes húmidas.
Abro os braços.Grito bem alto " I NEVER WILL... APOLOGISE FOR WHO I AM! " como na música que ecoa pela minha cabeça. Rasgo-me no peito... Corto a pele que me desfigurou ao longo destes 2 anos.
E com a vontade de viver nasce por trás a revolta. E com a revolta vai-se a vontade de viver. E desamparado mais uma vez tombo de costas.
A vida passa-me pela cabeça. A música atrofia-me a vontade.

Por agora permaneço por aqui mais um bocado. Talvez para sempre, pois com a revolta foi-se mais esta ansiedade...

Kimera

12 abril 2006

Leda Lida

Leda Lida

Ah!, nada me resta que um fino manto
Sobre este corpo cansado em leda lida!
Nesta sala vazia, de nua nudez vestida
Paredes pingadas dum encantado canto

Voz que me ouça, silêncio que me diga!
Outra dor!, essa que me seque o pranto
Meu morto corpo esquecido num canto!
Ausência que me acompanha nesta vida!

Oh meu amor!, em ti nua me derramo!
Que minhas chagas, feridas dolorosas,
Em teus braços sejam ramos de rosas!

E abandonada nesta dor que tanto amo
Uma lágrima, orvalho em pedra escura
E tua, minh' alma tão pobre e tão pura!

Litostive

09 abril 2006

Cinzas de Mim

Correr pelo que faço. Sentir junto a mim uma força que me desorienta. Conseguir encontar um caminho.

E tudo o que senti e que sonhei e que perdi e que conquistei.

Hoje contento-me em permanecer neste quarto. Com a tal guitarra e com a tal lampada que me ilumina um livro quando quero ler.

Hoje vou fechar os olhos. Porque o amanha vem direito a mim.

Kimera

02 abril 2006

SOLIDÃO
Sorrio mais uma vez. Numa noite mais alegre do que as outras noites. Não somos nada quando de nada nos servem os outros. Quando a música pára e paramos de viver.

Deixo a garrafa em cima do chão.

Olho o mundo que me rodeia, tão diferente de mim. Tão indiferente a mim.
Saro mais esta chaga com o sangue de outra chaga que cresceu de dentro de mim. As pessoas lutam no meu mundo. A paz não chega ao sitio mais escuro de cada eu. E de cada um que eu sou, nasce um momento infeliz a cada dia que passa.

Mais um doce trago desta alegre melancolia. Água ardente caseira.

Expliquei a todos porque vim, porque parti em busca de um encontro com o que acreditei. Despedi-me de vós. Juntei-me a nós. E a partir desse dia que me mutilo por cada litro de ar que respiro. Por me punir com o que faço de errado, por sentir forçado a desistir de tudo o que não sou, hoje não consigo caminhar. Caroços nasceram em minhas pernas. Os cães, vádios, estragam-me a pele em busca dos ossos mais superficiais.

Tenho frio, em outra noite fria.
Tremerei esta noite também.

Amanha será igual.

Por favor vem para me levar!

Kimera