Terra do Nunca
Na terra do nunca somos quem mais de nós teme. Sabemos onde começa o céu. Vimos o sol tocar no mar, sentados no único banco de madeira no topo daquela falésia.
E a sensação é única.
Sinto a brisa acariciar-me o rosto, fecho os olhos e oiço esta música que toca ao longe. Um rapaz que pega uma viola e canta para todos os que no seu mundo se sentam a pensar junto ao mar.
Fumo um pouco daquilo que dá algum sentido à minha vida, desta vez misturado com algo que dará um toque de poesia no fim da música.
Lentamente, fecho os olhos. Sinto que me vêm buscar. Da terra do nunca para a terra dos sonhos.
Pegam-me na mão. Suavemente deixo-me embalar pelo som, pelo cheiro, pelo amor que paira no topo desta falésia.
E no momento que corremos os dois de mão dada em direcção ao mar, num salto que daria para voar até ao sol, sinto o corpo em queda gravitacional. Sinto a alma em ascenção levitacional.
E é ali, naquele momento, que me separo de mim. O corpo flácido mergulha nas águas mornas da terra do nunca. A alma, de mão dada com a morte, sobe em direcção à terra dos sonhos, dos meus sonhos...
E vejo-te, cá em baixo, a correr em direcção ao sitio onde esperei por ti até não poder esperar mais.
Continuo a sorrir, a morte faz-nos felizes por irmos com ela. Verte-se uma lágrima, sinal do que senti por saber que te teria encontrado esperasse eu mais 5minutos...
“You... walked away, heard them say"Poison hearts will never change,"walk away again.” – A.F.I. – The Leaving Song
Kimera