Sinto...
Sobe dentro de mim a vontade. E à medida que sobe, arranha as paredes internas do meu corpo já doente. E sangro. Por dentro... E choro o sangue que sangro. Porque tem que sair e não consigo evitar.
E não consigo mexer nenhum musculo. Bloqueado, de olhos vidrados, olho o infinito. Pernas semi-flectidas. Braços caÃdos. Grito... gritos mudos. Como alguém que sofre sem ninguém notar.
... e o som ambiente vai diminuindo (every time I die)... e ergo o braço esquerdo. Ergo o mais que posso o punho em que me apoio para voltar a viver. E com a mão aberta, agarro o vazio e puxo-me para cima. Reviro os olhos e grito bem alto. Saem dos meus olhos jactos de água salgada. Caminho devagar. Tiro a camisola. Ardem-me as chagas das costas. As crostas do peito saram lentamente.
No limite das minhas forças, tento manter-me de pé... ninguém me derruba. Tenho vontade própria. A vontade que nasce de dentro de mim. A vontade que me vem do coração.
E sorrio... e choro de felicidade.
E penso... e penso...
Como seria se me partissem agora os tornozelos?...
Luis Teixeira